terça-feira, 24 de abril de 2012

Gato ou Cão?

Qual de vocês, apaixonado por gatos, não ouviu já alguns comentários, como: "um cão é que é", ou, "ainda se fosse um cão", ou, "os gatos não obedecem a ninguém", ou, "os gatos são estúpidos"...., etc..
E a nossa cara é sempre a mesma: pois, pois, experimente ter um em casa e a sua opinião mudará para sempre.
Fui sempre uma doida por cães e por animais em geral. Desde o berço que cresci com cães e com gatos e nunca pensei na vida, mesmo até à idade adulta, que os gatos me iam dar a volta à cabeça (e ao coração)
Mas o Freddy, o meu querido Freddy havia de mudar a minha opinião para sempre.
De repente vi que este ser era totalmente diferente daquilo que estava  acostumada com os cães. Era arrogante, autoritário, ciumento, teimoso mas também era incrivelmente penetrante, amoroso, amigo, sensível e inteligente.
Vi tantas diferenças...
Se não lhe apetecia descer do seu pedestal de nada servia eu ficar a chamá-lo.Até com paté e biscoitos na mão ele me ignorava. Mas de repente dava-lhe uma enorme urgência de mimos e se eu não largasse tudo para lhe dar atenção, então ele impunha-se e colocava-se em cima do livro que eu estava a ler, em cima do teclado do computador e até em cima da minha cabeça.
Vocês que estão a ler isso certamente sorriem a pensar nos vossos próprios gatinhos com atitudes semelhantes.
Os gatos são seres fascinantes, dedicados e emanam serenidade.
Se precisa de um amigo obediente, companheiro para passeios, fiel e mais submisso adote um cão!
Se quer ser diariamente confrontado com um ser voluntarioso e for capaz de amar sem dominar
vá até um canil municipal ou associação zoófila e adote um belo gato.

Felis Catus - 9000 anos de interacção entre gatos e humanos

Desde há pelo menos 9000 anos que os gatos passaram a fazer parte da vida dos humanos. Os registos mais antigos encontrados no Chipre assim o provam.
E há agora novos estudos que indicam uma primeira fase de domesticação no Mediterrâneo,  há cerca de 9000 anos e uma segunda fase de domesticação no Egipto.
Desde que os homens deixaram de ser nómadas e passaram a guardar os seus cereais para alimentação, e perante o "ataque" dos ratos aos sítios onde os armazenavam, rapidamente terão chegado à conclusão que o seu melhor amigo era....o Gato.
Como já todos sabemos há cerca de 5000 anos os gatos eram venerados no antigo Egito e assim foram continuando por muitos milhares de anos.
Na Idade Média infelizmente começou a crendice com os gatos e a associação a bruxarias levou a que estes fossem afastados das casas, maltratados e escorraçados.
Existem gatos silvestres que caçam e evitam qualquer encontro com o ser humano.
Existem gatos semi-silvestres que não permitem um grande contacto com os seres humanos duma maneira geral embora por vezes sejam alimentados por eles.
Nos dias de hoje assiste-se a um grande aumento dos gatos como animais de companhia e alguns levam verdadeiras vidas de luxo,  enquanto que outros, pela sobrepopulação e pelo flagelo do abandono por parte dos seus responsáveis, vivem a deambular pelas ruas e becos de todo os países do mundo.
Domesticação dos Gatos

segunda-feira, 23 de abril de 2012

Querido Freddy

Há quinze anos atrás, depois de muitas negociações familiares lá consegui ter um gatinho em casa. A única condição que me puseram foi que não fosse um siamês porque a fama deles não era grande coisa. Claro que no dia em que te fomos buscar embrulhado num paninho, apareceu-nos logo 500 g de um siamês com uns belos olhos azuis. Os primeiros tempos foram um bocadinho caóticos. Com 2 crianças pequenas, um emprego exigente de longas horas diárias chegar a casa e ter rolos de papel higiênico em milhões de pedacinhos pela casa toda, cadeirões e sofás destruídos pelas tuas unhas, miados de nos pôr os cabelos em pé . E as noites? O que ficou decidido é que não entrarias nos nossos quartos para dormir, uma vez que tinhas uma caminha própria cheia de mimos e cobertores num local quentinho da casa mas qual quê? Passadas 2 ou 3 semanas de miados dignos de qualquer tenor lá estavas tu todo repimpado no nosso quarto. Primeiro na tua caminha, depois aos nossos pés e passado muito pouco tempo dormias onde te apetecesse, inclusive dentro dos lençóis ou em cima da minha cabeça.Tantas peripécias. Houve o dia em que nos tocaram à campainha a dizer que estava um gato na rua e que parecia o nosso. O nosso? Não, o nosso não sai! Pois não, mas resolveu voar atrás de um passarinho talvez. Mas o susto foi só na altura da queda porque tentaste repetir muitas vezes a proeza. Nós é que passámos a ter muito mais cuidado. E a pobre da Minorca, a nossa tartaruguinha? Não lhe davas sossego e chegou a estar desaparecida vários dias porque ias ao aquário, punhas a patinha e lá vinha ela.. Rapidamente desfizeste alguns mitos em que eu própria acreditava um pouco: Adoravas água, fosse para beber, para apanhar uma chuvinha, para tomar duche connosco, etc, etc.. Vento é que nem pensar porque lá se ia o penteado.Cresceste juntamente com os nossos meninos e acho que eles até pensavam que tu eras um irmão um bocadito diferente. Quando por vezes tínhamos mais uma menina na nossa casa ficámos com medo que tivesses ciumes dela e estávamos sempre atentos. Mas fiquei plenamente descansada quando te vi a protegê-la quando alguém nos ia visitar.
O que tu adoravas as férias no Algarve. Portavas-te tão bem durante as horas de viagem. E quando chegavas à casa de férias só te faltava rir. Ficavas feliz, feliz...
Quando passei por uma cirurgia resolveste mudar-te dia e noite para ao pé de mim. Saltavas para cima da cama com grande gentileza como se soubesses que eu tinha uma ferida que me doeria se fosse pisada. E ajudaste-me muito na recuperação!
Quanto mais anos passavam mais nos ligávamos a ti.
Quando chegávamos estavas à nossa espera e viravas a barriguinha para cima, quando eu trabalhava no computador estavas atento em cima da impressora, quando nos sentávamos à mesa também querias uma cadeira e quando eu me ia deitar lá ias tu.
Com cada um de nós tinhas uma forma diferente de ser. Para uns eras um mimalhão, para outros eras uma criança brincalhona e para outros usavas todo o teu charme de conquistador.
A partir dos 12 anos passaste a dormir um bocado mais e percebemos que estavas a ficar velhote. Como qualquer velhote às vezes até resmungavas.
Mudámos de casa e pela primeira vez começaste a sair para o jardim. Como tu adoraste esta casa cheia de sol e estas saídas cheias de coisas e cheiros novos.
A partir dos 14 anos começaste a ver um bocadinho mal e por vezes os teus saltos não eram muito bem conseguidos. Mas como um verdadeiro gato mimado, se querias ir a algum sítio e estavas hesitante era só chamar-nos porque já todos tínhamos aprendido gatês.
Foi também aí, há cerca de 1 ano que me disseram que as tuas análises estavam todas normais mas como os valores indicativos de insuficiência renal , já estavam no limite do normal tiveste que começar a comer ração renal. Passados 6 meses, mais exames, ecografia aos rins e bexiga e tudo normal.
E tu continuavas a fazer as tuas brincadeiras de sempre, a comer bem, a sair todo contente..
Dia 08 de Março vieram as primeiras más notícias: os valores tinham aumentado e estavas com insuficiência renal crónica. Apesar da tua idade o prognóstico foi bom porque nunca tinhas tido nenhum sintoma da doença...
Mas repentinamente, e de forma fulminante deixaste de comer, enfraqueceste e nós tentámos tudo o que era possível.
Nenhum tratamento resultou e passada apenas uma semana partiste.
Meu querido Freddy é por isso que nunca poderei compreender as pessoas que deixam por algum motivo os seus amigos em canis, abrigos ou até na rua.
Porque vocês dão-nos tanto em troca de tão pouco.
E quanto nós não daríamos para ter mais uns dias contigo
Até um dia meu amor